É muito difícil fazer uma pessoa entender que tem um problema auditivo e que o mesmo tem de ser solucionado. Aquando do diagnóstico e da recomendação para o uso de aparelhos auditivos é necessário uma avaliação cuidada onde consigamos conhecer exatamente quais os défices da audição, ou seja, o grau da perda auditiva e de capacidade de perceção/discriminação das palavras.
Após um completo diagnóstico, temos de conhecer quem é o utilizador dos aparelhos auditivos e, na minha opinião, este é o momento chave. É necessário conhecer o estilo de vida da pessoa, o que faz, o que gosta de fazer, onde sente mais dificuldade e, muito importante, perceber o que tem mais urgência em reabilitar.
Usar aparelhos auditivos pode ser um pouco mais exigente do que parece e, normalmente, as pessoas que precisam deles chegam até nós cheias de dúvidas e de receios. É necessário criar uma relação com estas pessoas, deixa-las tranquilas e mostrar que as suas dúvidas, os seus problemas, são relativamente comuns e que não estão sós neste processo.
O apoio e o carinho são cruciais para que a pessoa com perda auditiva se sinta confiante para nos relatar o que está acontecer com a sua audição porque, só assim, podemos realmente perceber o que está errado e como poderemos ajudar a solucionar a diminuição auditiva.
Relativamente aos aparelhos auditivos sabemos que, ano após ano, eles evoluem muito. São cada vez mais sofisticados, os processadores mais potentes, mais rápidos, e cada vez mais permitem uma melhor compreensão, mesmo nas situações onde é mais difícil ouvir, sobretudo nos ambientes com maior ruído. Ao longo dos tempos a principal queixa é: “eu ouço, mas não percebo”. A evolução tecnológica permite que os aparelhos identifiquem com maior velocidade e precisão o que são palavras e o que é ruído, para processar esta informação cada vez mais eficazmente.
Outra característica da sua evolução é o aspeto e o tamanho dos aparelhos auditivos. Atualmente os processadores são cada vez mais pequenos e discretos. Isto é muito importante para aos utilizadores, visto que, o uso de aparelhos auditivos está muitas vezes associado a sentimentos menos positivos. Assim, o aspeto já não é um problema.
Na maioria dos casos existem aparelhos auditivos extremamente discretas que permitem a reabilitação auditiva. Esteticamente, podem ficar completamente dentro do canal auditivo ou podem ser tão pequenos que se escondem atrás da orelha. No entanto, a escolha entre os modelos deve ser feita de acordo com as características auditivas de cada pessoa.
Os aparelhos auditivos, a sua tecnologia e a capacidades são importantes mas, na minha opinião, toda esta tecnologia só é útil se existir consciencialização do problema e uma relação de confiança e empatia entre o utilizador e o audiologista. Se a pessoa perceber que tem um problema auditivo e aceitar a ajuda, a sua reabilitação auditiva é muito mais fácil e é só uma questão de tempo até recuperar a sua qualidade de vida.