O tema é recorrente no domínio das investigações sobre os efeitos entre equipamentos eletrónicos e a saúde humana, mas as novas conclusões elevam o nível de alerta dos investigadores, até porque o estudo terá sido o primeiro em que foram observados os danos ao nível das células.
De acordo com o novo estudo da Universidade de Leicester, a utilização de auscultadores com música a volumes muito elevados pode danificar a camada de células do nervo auditivo, levando à surdez temporária.
Para os cientistas da Universidade de Leicester, o volume dos auscultadores pode mesmo alcançar níveis de ruído semelhantes aos de um reator de um avião, partindo do pressuposto que volumes acima dos 110 decibéis podem causar danos temporários como surdez e ruído de fundo na audição.
“Esta investigação permite-nos perceber o caminho que existe entre a exposição a volumes elevados e a perda de audição”, refere o investigador Martine Hamann, que liderou o estudo, explicando que a dissecação dos mecanismos celulares que ocorrem nestas condições pode ajudar-nos a trazer um benefício significativo a uma vasta população.
Segundo Hamann, “as células nervosas que transportam sinais eléctricos dos ouvidos para o cérebro têm uma camada denominada mielina, que ajuda a viagem desses mesmos sinais. A exposição a volumes acima dos 110 decibéis pode retirar as células desta camada, interrompendo os sinais elétricos. Isto significa que os nervos deixam de conseguir transmitir de forma eficiente a informação, dos ouvidos ao cérebro”.
Martine Hamann
Explicada a forma de perda da audição ao usar indevidamente os auscultadores, Martine Hamann adianta que a camada que envolve as células nervosas pode ser restaurada, deixando que o funcionamento dessas células volte ao normal. “Isto significa que a perda de audição pode ser temporária e a audição total pode voltar”. Deste modo, a nova investigação da Universidade de Leicester permitirá não só ajudar na prevenção, como ao desenvolvimento de curas apropriadas para a surdez, referem os cientistas.
A questão dos efeitos nefastos para a saúde da utilização de auscultadores a elevado volume tem sido tema de vários estudos ao longo dos anos, bem como de propostas legislativas por parte da União Europeia, que já em 2010 pretendia limitar o volume de todos os equipamentos áudio portáteis aos 85 decibéis.
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