Em Portugal há cerca de um milhão de pessoas com perda auditiva e, em média, o tempo entre o aparecimento dos primeiros sintomas e a decisão de procurar ajuda especializada ronda os sete anos. O problema pode acontecer praticamente em qualquer altura da vida, com igual incidência em ambos os sexos. A maior parte das pessoas vai perdendo a audição de forma gradual à medida que a idade avança, o que explica a elevada incidência do problema na população mais sénior.
As últimas estimativas apontam para que 60% da população nacional com mais de 65 anos venha a padecer desta complicação. De facto, é normal que, com o avançar da idade, algumas das nossas faculdades vão sendo afetadas e os sentidos se vão tornando menos apurados.
A perda de acuidade auditiva é gradual, pois quando se começa a "ouvir mal" a evidência não é imediata, o que facilita o arrastar da situação até esta alcançar estados mais graves e irreversíveis e cuja reabilitação é, muitas vezes, mais morosa e complicada.
As pessoas com presbiacusia sofrem de uma redução significativa no volume do som, pelo que sinais como colocar a televisão ou rádio muito altos, pedir constantemente para as pessoas repetirem o que foi dito, aproximar um ouvido da pessoa que está a falar ou demonstrar dificuldade em compreender conversas ao telefone (recusando-se muitas vezes até a atender), são sinais a que todos devemos estar atentos. Em casos mais graves, a pessoa não compreende conversas e fica confusa com a falta de perceção da direção do som. Mas a perda auditiva não é e não deve ser sinónimo de isolamento e mudança de hábitos. Existem formas práticas e simples de prevenir e soluções acessíveis de reabilitação auditiva que contribuem para uma melhoria substancial da qualidade de vida.
Para além das consequências físicas, a pessoa idosa com perda auditiva não reabilitada pode ter tendência para se isolar, evitando atividades sociais e tornando-se inativa e dependente. A perda gradual de audição vem também acompanhada frequentemente por um estigma de negação bastante enraizado. Pessoas com perda auditiva acreditam, e defendem, que são as outras pessoas que falam demasiado baixo e, na maioria dos casos, não conseguem ultrapassar esse sentimento sozinhos. Tem de existir, geralmente, uma influência social por partes dos seus pares e familiares ou uma situação induzida que faça surgir a necessidade de procurar aconselhamento especializado.
De facto, um dos conselhos mais simples de seguir para prevenir a perda auditiva e detetar qualquer anomalia na audição é ir a um centro auditivo, pelo menos uma vez por ano para realizar um teste auditivo. Na maioria dos casos detetados precocemente é possível restituir a audição à pessoa. Em casos mais graves, em que a ação clínica não é eficaz, os aparelhos auditivos são a solução recomendada, podendo melhorar significativamente a audição perdida.
Se já tem uma diminuição auditiva, a utilização de aparelhos auditivos é eficaz, pelo que ainda está a tempo de alterar alguns dos seus hábitos e começar a ouvir melhor.